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Mostrando postagens de março, 2009

Das muitas relações possíveis

(Menina colhendo flores e se enfeitando no Marrocos, foto de Maryan of my Marrakesh ) Ouvindo uma música de tirar o fôlego, hoje de manhã, no blog do Luis , um português que tenho na minha lista, e lendo posts de gente muito interessante que acompanho aí pelo Brasil, aqui pela Suécia e por muitos outros lugares por onde passo, eu já vinha pensando sobre as relações a partir da internet. Aí, agora pouco, vendo essa foto ma-ra-vi-lho-sa e cheia de ternura do blog de uma escritora americana (também excelente fotógrafa) que vive em Marrocos, eu fiquei pensando: "uau! estar conectado ao mundo assim não tem nada de virtual. Eu sinto e danço a música de um "amigo" desconhecido e vivo um pouco do que ele vive. Eu sou capaz de quase sentir o cheiro dessas flores e me encho de uma coisa boa que emana dessa fotografia. Eu penso a respeito do que leio nos posts de vocês, eu aprendo com o jeito que escrevem e isso vai construindo meu jeito de ser no meu blog e na minha vida também.

O que os suecos fazem bem que é uma beleza?

(Ângelo mandando ver numa banana, no carrinho do zoológico, Höör, março de 2009) Ontem o dia começou bem bonito por aqui e fomos com a pequena família da minha amiga Nikol ao zoológico, em Höör, o Skånes Djurpark . Lembra? Aquele zoológico hiper mega discreto ? Eu continuo achando os bichos suecos um exemplo de discrição, tanto em cores quanto em barulho, mas dessa vez, eu devo admitir que foi bem mais divertido. Talvez por isso a gente deva sempre lembrar que o que dissemos tem a ver com o momento que vivemos. ("Passou, papai!" Ângelo vencendo desafios, Höör, março de 2009) Com o Ângelo maior, e conseguindo enxergar os animais beges, cinzas e marrons a gente fez uma festa danada quando encontrava cada um deles.  Ao contrário das outras vezes em que fomos, nas quais o zoo estava totalmente lotado de gente com a filharada toda, ontem tava bem vazio. Tão vazio que nem comida tinha pra gente lá no páteo do urso. Os suecos têm esse "defeitinho" que irrita quem veio de

Amanhã começa o horário de verão na Suécia

Não faça igual o bonitão da foto! Não fique perdido no que fazer quanto ao horário de verão que começa amanhã, dia 29 de março. Ele, claro! não lê o Borboleta, mas você que lê sabe que a Europa, incluindo a Suécia, adiantará todos os relógios para aproveitar melhor o dia que tem começado cedo. Isso porque, no papel, o inverno chegou ao fim. Uma coisa óbvia de ser compreendida, já que, pasmem! Hoje o tempo está ótimo, fazendo 9 graus lá fora! Um calor de rachar mamona! A gente vai precisar adiantar o relógio em uma hora. Então, bonitão, preste atenção: ao invés de ser meia noite, por exemplo, você deve botar seu relógio em uma hora a frente: 00:00h passa a ser 01:00h. Você vai perder uma hora amanhã no encontro com a namorada, mas vai poder acordar enquanto o sol ainda não esteja tão forte. Com o horário de verão a diferença de tempo entre o Brasil e nós fica de 5 horas e não mais de 4 como até hoje, então eu lastimo perder uma hora para falar com a família, mas eu fico feliz que ao men

Por que a Kirstine anda tão desolada?

(Retrato da artista dinamarquesa Kirstine Roepstorff, 2009, in: MUSAC ) Acabei de ler os últimos comentários "surtados" e adorei! Acho que a idéia da desvairada da Kirstine era essa mesmo! Deixar todo mundo louco de pensar! Por isso ela não deu nada facinho. Ela escreveu aquelas frases que parecem tão simples, daí colocou as bandeiras e banners todos para pirar a cabecinha da gente na maionese. Mas vamos lá a alguns símbolos que acho que podem ser mais facilmente interpretados. Fiz uma pesquisa procurando por duas das bandeiras, já que eu nunca fui boa em bandeiras do mundo. Encontrei uma, mas ainda estou procurando pela outra, que parece ter alguma coisa a ver com a Alemanha, segundo o Renato. Símbolos: - Bandeiras de países: creio que as bandeiras, somadas às quatro frases espalhadas pela obra são a chave para entender a crítica da artista. Uma bandeira é de Cuba, símbolo do socialismo de Che Guevara e de Fidel. Outra é dos Estados Unidos. Dá para pensar neles como grande p

Dicas para leitura da "Desolação" de Kirstine

(Para ler uma obra é preciso olhar de pertinho, de forma bem interessada, como essa mocinha dinamarquesa fez no museu quando visitou a obra de Kirstine, in: the Dannetes ) Eu tentei adivinhar o silêncio no post do Vang Gogh, mas agora já tô começando a achar que me precipitei achando que o coitadinho do meu "quase clássico" Vang Gogh fosse o problema.  A terceira tela que coloquei essa semana na seção "O que você vê nessa obra", da dinamarquesa Kirstine Roepstorff recebeu comentário da atenta e participativa visitante de museu Lilás e ? De mais ninguém! Ou vocês não gostaram nadica de nada da tela e me "guinoraram" completamente ou ela é tão cheia de sentidos que vocês têm medo de bancar os "bobolóides" e falarem asneiras. Se é a primeira opção eu posso dizer que, embora não se trate de uma pintura, no sentido convencional do termo, é uma obra que tem muuuito a dizer. E tenho certeza vale a pena a gente tagarelar sobre ela! Se for a segunda, a

Uma obra de arte ou mil palavras? Kirstine Ropestorff

("Desolação da besta", Kirstine Ropestorff, 2002, Dinamarca. Foto: Sônia M. Carvalho) “Your comfort is destroying my comfort Your freedom is opressing my freedom Your power makes me powerless My rules eliminate your rules” A terceira tela da Seção "O que você vê nesta obra?" é da artista dinamarquesa Kirstine Ropestorff. "Desolação da Besta", de 2002, não é uma pintura, mas uma instalação em formato de quadro. São vários tecidos costurados entre si, com imagens estampadas, entre elas animais, símbolos de capitalismo, socialismo, comunismo e frases bordadas, em inglês, em quatro diferentes quadros, cuja tradução é: "Seu conforto está destruindo meu conforto, Sua liberdade está oprimindo minha liberdade, Seu poder me torna impotente, Minhas regras eliminam as suas".  Tive contato com esta obra numa exposição especial de artistas contemporâneos dinamarqueses, no Statens Museum for Kunst , em Copenhaguem, no mês passado, e creio que seja uma obra int

"Caminhando contra o vento, sem lenço e sem documento", literalmente falando

( Jurdy Green ) Noite de sono não muito boa, atraso na hora de acordar. Olho pela janela e "não!". Zero grau no termômetro, nada de primavera! Chuva e neve fina do lado de fora. "Não tem graça nenhuma!"  Corre, corre. Dá mamadeira, sem tempo para tomar café, pega tudo. Veste roupa, pega livros, cadernos, mala. "Go, go, go!"  Frio, vento. Deixa bicicleta, pega carona. Na escola: "preciso comer, preciso comer, preciso comer". Na cafeteria: "putz!, esqueci a carteira na outra bolsa!". Caço moedas. Ok, "en banan!"  Sobe, sobe, sobe. Chego. A professora: "Hoje teremos prova surpresa para avaliar o nível de cada um". "Oh! shit!". Engole banana guela abaixo, começa o teste. Ok! Primeira parte encerrada. Hora do intervalo. Fome! Fome! Fome! A amiga polonesa convida pro café: "sim! sim! sim!. Hora de pagar: "carambola! esqueci! não tenho dinheiro!" Ok, café e bolinho pago pela amiga. Volta, termina se

Vang Gogh e as pinceladas que hoje falam por si mesmas

(Vaso com quinze girassóis, Vincent Vang Gogh, 1889, Museu Van Gogh , Amsterdã) “Meus estudos não têm para mim nenhuma razão de ser além de uma espécie de ginástica para subir e descer nos tons [...]” (Cartas a Théo, Vincent Van Gogh) O silêncio de vocês nos comentários sobre o segundo post da série "O que você vê nesta obra" foi bastante significativo. Ao escolher o Michael Kvium para a primeira pintura da série e saber que se tratava de uma obra pouco conhecida e também polêmica, fiquei em dúvida se deveria alternar com outras menos "chocantes" e, de certa maneira, mais "suaves". Eu sei que dizer que o holandês Vang Gogh pode ser "suave" é quase um palavrão. E é! o que quero dizer é que se Van Gogh foi extremamente contestador em sua época e ajudou a inaugurar uma forma totalmente nova de pintar,  com experimentações de cores, com pinceladas carregadas de tinta, sem preocupação com retrato fiel da realidade, se ele pensou que uma pintura pode

"Quero te dar todo meu amor", celebrando a imperfeição de todos os dias

("Ahhhhh, eu te amo! Ahhhh, eu te amo meu amor!", meu sangue fervendo ao som de Sidney Magal, no meu 38o. aniversário, Malmö, março de 2009) Eu tenho uma amiga sueca, a Paulina , que é o tipo de pessoa que, olhando, parece perfeita. Eu a conheci quando o Ângelo era pequenininho no grupo de mães e o bebê dela, Kian , é um dia mais novo que o meu.  A Paulina é lindona, daquelas loiras suecas altonas, educada, finérrima (do tipo que fala baixo, espera a vez para falar e sempre ouve você com atenção), calma, sem contar que é muito madura e experiente para os seus 28 anos.  Ainda em 2007, ela convidou todas as mães para um café na casa dela e lá fui eu. Correndo feito louca para dar conta do bebê novinho, da casa, das noites mal dormidas, com toda a vida de cabeça para baixo, eu toquei a campainha. A porta se abriu e eu engoli um: "Óh, caramba! não acredito!" Impecavelmente calma e linda, com seu bebê quietinho no cestinho no chão, ela recebeu a mim e todo mundo com sua

Brigadão! Tack så mycket! Thank you!

Eu estou obrigadíssima e obrigadérrima a retruibuir tanto carinho (ainda que um pouco forçado por mim mesma) recebido no último post! Os recados me deram um ânimo gostoso durante o dia, enquanto eu ia lendo na correria do meu dia aqui. A maioria de gente já "conhecida" e alguns que eu ainda não tinha tido o prazer! Obrigada, de coração "pra coração" lálálá... De verdade, adorei! E também adorei os recados que lotaram meu orkut, embora eu não merecesse, já que nunca mais nem apareci por lá. Obrigado, obrigado, obrigado e beijos alegres nas bochechas de todos vocês!

Amanhã é meu aniversário! Aproveita e me manda um oi, um beijo, um queijo...

(Pintura de Marisa Haedike, do blog " Creative Thursday" , de quem sou fã) Amanhã, dia 18 de março, é meu aniversário. Eu sou o tipo que leva a sério as datas especiais e eu sinceramente acho que o dia que eu nasci é uma data especial, tem de ser ao menos para mim. Mesmo que eu não me force para isso, depois de acordar, sempre começo a recordar momentos importantes pelos quais passei e fico lá toda sentimentalóide e feliz. Eu gosto desses balanços, eu gosto de perceber em que ponto estou e me pôr como prioridade do dia. E gosto de pensar que eu fui um presente bem importante de aniversário de minha mãezinha no 18 de março de 1971, quando ela me ganhou um dia antes de seu próprio aniversário.  É estranho como me sinto cheia de inspiração, algo que agora, por exemplo, eu não consigo ter. Não consigo falar coisas bonitas antes da hora. Amanhã talvez. Hoje vim aqui só para lembrar você de me mandar um beijo, um oi, de me dar de presente a sua presença um abraço, sei lá o que voc

Uma obra de arte ou mil palavras? a Igreja de Van Gogh

("A Igreja em Auvers-sur-Oise", Vincent Vang Gogh, 1890) Continuando a seção "O que você vê nessa obra?", essa semana a gente tem uma tela de Van Gogh. Esse quadro pertence ao Museu D´Orsay, em Paris, e foi pintado pelo artista no ano de 1890.  Em óleo sobre tela, mede 74cm x 94cm.  Está aqui para que a gente se delicie com as discussões! Lembrando que a intenção não é que a gente faça grandes pesquisas para escrever o que acha aqui, mas que se deixe levar apenas - e tão somente - pela pintura. Deixar levar-se por esta pintura que está aqui, pois se você conseguir, inclusive, abstrair o que sabe de Van Gogh num primeiro momento, isso é ideal.  Você pode falar o que vê, o que sente, enquanto olha para a pintura. E claro! também pode acrescentar o que essa leitura pode ter a ver com outras pinturas que por acaso conheça do pintor e o que sabe da vida dele.  Agora é com você!

O talento inato de mestre Ângelo para as artes

Artes Plásticas ("Não mamãe! mais!", Ângelo no salão para crianças do  Louisiana Museum , Humlebæk, Dinamarca, março de 2009) Provando seu talento para as artes plásticas, Mestre Ângelo inspirou-se na obra de Max Ernst, artista sobre o qual havia uma enorme exposição no Louisiana Museum , e produziu duas obras com uso e abuso dos tons de azul. ("Não mamãe! maia! - que quer dizer mamadeira) Usando material alternativo, como leite em pó, ele produziu uma obra baseada em tons de branco na cozinha de sua casa. A produção é um sinal de contravenção claro à frase dita por sua mãe: "agora não é hora de mamá, é hora de papá!" ("Não mamãe! cópo", Ângelo, Malmö, fevereiro de 2009) Aqui mais uma mostra da facilidade do mestre das artes em trabalhar com materiais diversos, enquanto pensa a questão do movimento: purê de batata e almôndegas do prato para o copo e do copo para o prato.  ("Não mamãe! ábua!", Ângelo no parquinho perto de casa, Malmö, março d

Há beleza em pintar o feio? Uma reflexão sobre a arte de Michael Kvium

(O artista dinamarquês Michael Kvium, para quem a homem ainda está num pântano, diante de uma de suas telas. Foto: Aros ) A primeira vez que tive contato com uma pintura de Michael Kvium foi apenas há algumas semanas atrás, quando visitei o Statens Museum , em Copenhaguem.  Entre inúmeras outras telas de artistas dinamarqueses, expostas numa sala especial, estava "Cena de Rodeio", a qual chamou demais minha atenção. Primeiro, o choque. O enorme quadro trazia uma mulher "monstro", nua, grande e gorda, numa situação de submissão e cujo rosto e olhos mostravam grande sofrimento.  Sentei-me em frente àquela imagem e escrevi algumas linhas sobre o que via. Anotei dados do quadro e do pintor e fiquei com duas fortes idéias na cabeça: 1. que a obra de arte pode falar mais do que muitas milhares de palavras e 2. se for boa conseguirá fazer com que quase todos que a vejam sintam e pensem coisas muito semelhantes. Naquele momento eu acreditei que Michael Kvium me dizia certas