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Mostrando postagens de abril, 2008

"Take My Breath Away" ou Berlim, lá vamos nós!

(Crianças alemãs, isoladas num bloco da Alemanha, observam avião dos Estados Unidos, em 1948, Imagem: " Los Angeles Times ") É uma coisa bem bobocona, mas toda vez que qualquer pessoa me fala da cidade de Berlim, eu me lembro dessa música bréééga - e deliciosa - que só ouvindo, da minha adolescência: "Take my breath away". Quando ouvia a canção, que foi tema do filme "Top Gun", eu sempre pensava na Alemanha, me transportava para um lugar que eu não conhecia, mas sabia das aulas de geografia. E a verdade é que nem sei se da história do grupo e, na época, nem sabia a tradução da letra. Não sei se lé tem a ver com cré, nesse caso. O gostoso é ter essa lembrança e agora transformá-la em algo real. A programação para o feriado veio de última hora e, então, amanhã eu e meus companheirinhos aqui vamos tomar estrada rumo à Berlim. Passaremos pela Dinamarca, tomaremos uma balsa, atravessaremos o marzão, chegaremos em terras alemãs. Isso tudo numa viagem de umas cin

A difícil tarefa de escolher partir a ficar ou Às amizades de uma vida!

(A Cris, que dá um jeito de aparecer da festa de despedida à defesa de tese, em despedida minha e do Renato do Brasil, ano passado) A partida "Dia da partida. É giro. De há uma semana para cá que tenho sentido tudo como sendo a última vez. A última vez que vejo o amigo. A última noitada com a malta. A última volta de bicicleta com o meu irmão. A última vez que a minha mãe me prepara aquele bacalhau com natas. A última vez que estou a uma 3ª feira em Lisboa. Já me candidatei há 8 meses para sair de Portugal. Desde sempre estive seguro desta minha opção. Ter mais uma experiência além-fronteiras era mesmo o que queria. No entanto esta melancolia de última hora faz-me questionar se vale a pena..." ( Pedro, Jogo da Sueca ) Às vezes consigo falar com algumas das minhas queridas amigas que ficaram aí no Brasil. A distância física não abalou a proximidade, em muitos casos: o telefone ou a internet, ou um presente inesperado, ou uma carta pelo correio, servem para trazer à lembrança o

O "ser" feliz

(Ruínas de Hammershus, Ilha de Bornholm, Dinamarca, fonte: "Photos from a non-photographer" )  Ser feliz para o Pessoa é... Ser feliz "Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço que minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e tornar-me um autor da minha própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo..." Fernando Pessoa. Ser feliz para mim é... É tudo que o é para o poeta

Um clique e a eternidade: criando um álbum de fotos para o blog

(Um clique e a eternização de um momento simples, mas cheio de alegria em Mallorca: saboreando um suco de frutas frescas da simpática espanhola e matando saudade do Brasil, janeiro 2008) Já há algum tempo venho tentando organizar algumas das milhares de fotos que tiramos até agora por aqui e por onde temos andado. Percebi, no entanto, que a tarefa é interminável e subjetiva. Eu teria centenas de fotos para mostrar, mas dependeria do foco. Só do menino Ângelo, dezenas de álbuns.  Tentei fazer uma pincelada pelo que aconteceu até aqui. A idéia é que o álbum complemente o blog e que eu o atualize sempre. Por enquanto, consegui colocar apenas uma parte do que temos, e espero ir atualizando em breve.  As fotos nem sempre são as mais bonitas. Nem uma câmera super-mega-master nós temos. É apenas um pouco da nossa história aqui. Talvez para que nós mesmos não esqueçamos e tenhamos sempre à mão para relembrar e mostrar a alguém, quando este nos pedir. Espero que vocês consigam ter uma pequenina

Algumas curiosidades sobre as famosas suecas - parte 1

(Modigliani, Retrato de Jeanne Hébuterne, esposa do pintor que é ruiva em alguns quadros e morena, em outros) Todo mundo pensa que aqui na Suécia só tem mulher linda. E loira. Besteira! Depois de um ano vivendo aqui, posso dizer com toda categoria: na Suécia não tem muita loira! Metade delas  tinge os cabelos de castanho escuro ou preto azulado.  E algumas ainda fazem permanente! Siiim! Permanente para ondular os cabelos lisos igual quiabo. Estranhas essas mulheres não? Creio que este post detona com o primeiro mito que temos a respeito das suecas.  Agora sobre elas serem lindas... Hummm.. bem, fica pra uma outra hora... 

"A verdadeira arte de viajar"

(Um das dezenas de moinhos que vemos pelos caminhos aqui e que eu não paro de fotografar) A verdadeira arte de viajar "A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa, Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo. Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali... Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!" Mário Quintana Esse fim de semana aproveitamos o sol gostoso, o céu azul para passear pela região de Malmö. E, embora o destino fosse o zoológico e, depois, a praia, o caminho é cheio desses enormes, lindos e modernos moinhos de vento.  E como a Suécia é planinha que é uma beleza, a gente vai vendo todos eles, enfileiradinhos, tocando ao sabor do vento, sobretudo perto de uma cidadezinha chamada Eslöv. Passar diante desses grandes moinhos me dão uma coisa boa que é uma coisa. Eu adoro olhar para eles, tanto quanto para os antigos moinhos... mas a sensação desses é totalmente diferente: perto deles, a gente se sent

"A house is not a home"

(Alfredo Volpi) Uma casa não é uma casa quando.. . Um cartaz, preso num poste das ruas de Copenhaguem, me chamou atenção na semana passada. Tratava-se de convite para uma palestra pública e tinha como título a seguinte frase em inglês:  " A house is not a home ".  Em português, a tradução literal, "Uma casa não é uma casa", creio que poderia ser pensada como "Uma casa não é um lar". Essa frase, eu vou chutar, deve ter base na fenomenologia do filósofo Edmund Husserl. Sem me alongar e correr o risco de ficar chata, para Husserl uma coisa, uma casa, só é uma casa a partir do momento que tenho consciência da casa. Sem minha consciência, ela não é nada.  Apesar de eu amar filosofia e me lembrar do professor "Moura" fazendo gestos, com o dedo no ar, para explicar essa teoria de Husserl, eu não acho que o filósofo esteja tão bem cotado e popular  assim. Provavelmente essa frase tenha sido inspirada na música, cantada por Dione Warwick, mais famosa nos

"A house is not a home", música de Dione Warwick

"A house is not a home" A chair is still a chair Even when there's no one sitting there But a chair is not a house And a house is not a home When there's no one there to hold you tight, And no one there you can kiss good night. A room is still a room Even when there's nothing there but gloom; But a room is not a house, And a house is not a home When the two of us are far apart And one of us has a broken heart. Now and then I call your name And suddenly your face appears But it's just a crazy game When it ends it ends in tears. Darling, have a heart, Don't let one mistake keep us apart. I'm not meant to live alone. Turn this house into a home. When I climb the stair and turn the key, Oh, please be there still in love with me. (Dione Warwick) ... Tradução: Uma casa não é uma casa Uma cadeira ainda é uma cadeira Mesmo quando não há uma sessão lá Mas uma cadeira não é uma casa E uma casa não é uma casa Quando não há ninguém lá para você manter apertado, E

"Non, Je ne Regrette rien"

(Início da Primavera significa: sentar ao sol, relaxar e conversar. Viver como as flores, Jardim do Castelo Rosenborg, Copenhaguem, abril 2008) I. A manhã de hoje começou com Drummond e terminou com Piaf... Minha manhã aqui começou com céu azul e sol. Eu e Ângelo rodopiamos e dançamos ao som de Edith Piaf na vitrola moderna do Renato. Me lembrei do filme, de Piaf, de seu recomeçar, de tanta coisa dela, de mim. Ao mesmo tempo, tinha aqui à minha frente um poema do Drummond que havia separado para o blog e a combinação foi perfeita. Corro novamente o risco do post longo, mas vale a pena. Por favor, não pare no meio. Se você ainda não assitiu Piaf, tente ver. É um filme cheio de vida, embora a vida de Piaf tenha sido tanto sofrimento. É uma vida cheia de dramas, embora, dela, a gente sempre lembre do sucesso. Mas Piaf, o filme e a realidade que o sustentou, é contagiante. É um banho de energia, porque canta o amor e a vida, apesar das pedras do caminho. E a mesma lição de Piaf é a de Drum

Dois Amores

(Re e Ângelo aproveitando o solzin de domingo, em play-ground pertin de casa) Dois Amores "No dia em que cruzei contigo, me lembro, vi logo todo o filme que viria: eu nasci pra adorar voce pela vida afora e sempre até morrer Mas outro cara atravessou meu caminho, vi logo que o filme se repetia, e agi pra pensar depois: como eu posso amar e tanto assim aos dois?... " (Djavan, Composição de Djavan e Fátima Guedes) (Zóin, narizin, jeitin, tudo igual)

"Quando eu era criança pequena lá em Barbacena"...

(A suculenta e irresistível siriguela, pela qual cometi alguns pecadinhos) "Quando eu era criança pequena lá em Barbacena"... Eu subia no pé de manga, no fundo do quintal para brincar a tarde toda com minha irmã, a Sandra. Eu trocava garrafas de guaraná por pirulitos coloridos, grandes e redondos. Eu disputava quem chegaria primeiro até a perua do padeiro, eu ou minha vizinha, a Sandra Mara. E pulava o muro da Eleonor para roubar siriguelas e da Dona Maria para comer fruta do conde. "Quando eu era criança pequena lá em Barbacena"... Eu brincava de pega-pega e queimada na rua com a mulecada, E gritava pela minha mãe, quando rasgava o tampão do dedão do pé no asfalto. Eu gostava de me arriscar e ia sozinha para a escola,  E arrumava briga na saída com todo mundo que me chamasse de Olívia Palito. "Quando eu era criança pequena lá em Barbacena"... Eu nunca era escolhida como a moça bonita na brincadeira da "Laranja Baiana", Eu nunca recebia be

Finalmente posso cantar: "É primavééééra! Te amo!"

(Eu Primaveril, no Jardim do Museu de Ciências Naturais de Paris, maio de 2006) Demorou para sentir o clima de Primavera por aqui, porque até poucos dias, vocês devem se lembrar, ainda estava nevando . E eu, que estava quase me perguntando: "por que cargas d'água mesmo eu queria morar por aqui?", estou feito os suecos, os estrangeiros todos de Malmö e os passarinhos: cantando à toa. Eu e o Sr. Angelinho Linho Linho... (Ângelo, estreante de balanços, curtindo início da Primavera tão feliz da vida que deixa a gente feliz só de olhar. Tudo bem que a roupa ainda é de inverno...) E é curioso perceber que, tendo vivido a vida toda num país tropical, a gente meio que deixa passar coisas muito, mas muito especiais mesmo. Eu sempre dei muito valor à natureza aí no Brasil. Sempre me pus a observar tudo, mas quando você sai de um inverno rigoroso, a chegada do que já existia antes, tem um sabor sempre especial e novo. Por aqui agora, tudo diferente de uns dias atrás.  Sol todos os d

Outra Somnia, outra Anita Malfatti.

("Sanfoneiro", Anita Malfatti, ilustração do licro de Luzia Portinari Greggio) Agora há pouco, tentando me atualizar sobre o que tem sido escrito a respeito da pintora brasileira Anita Malfatti, sobre quem escrevi meu doutorado, dei de cara com uma nova publicação, lançada no fim de 2007. A autora, Luzia Portinari Greggio, alguém que eu já conhecia de catálogos e documentos que pesquisei nesses anos, escreveu "Tomei a liberdade de pintar a meu modo", em referência a uma conhecida frase de Malfatti, a respeito de seus últimos trabalhos. Eu realmente fiquei feliz com a notícia. Isso porque se a gente considerar a importância de Anita para as artes no Brasil, o estudo sobre ela é ridículo. Até hoje, a única pessoa quem se dedicou quase que exclusivamente a estudar sua obra foi Marta Rossetti. Entre tudo que tenho dela aqui em casa, ficou uma bela publicação do ano passado, "Anita Malfatti no tempo e no espaço". Foi exatamente no momento de minha defesa, onde

Eu vou seguir você, sempre.

(Ângelo em sua primeira vez em "parquinho sueco" ) E u não consigo ouvir a música "O caderno", do Toquinho, sem pensar que ele, o caderno, era eu mesma. Não consigo pensar no caderno em sentido literal. Hoje, analisando a letra, vejo que é meio óbvio, mas isso só me ocorreu, de fato, quando eu ouvi esta música maravilhosa, do lado da minha sobrinha Luana, enquanto ela pintava algo numa tela que eu havia lhe dado.  Eu já fui o caderno da Luana, a primeira sobrinha, e imaginei ser impossível amar uma criança mais do que eu a amava.  Depois veio o Júnior e me mostrou que onde cabia um amor assim, havia espaço para mais. E, então, fui o caderninho dele também. E depois de conhecer o amor que a gente guarda aos sobrinhos, com a chegada e a convivência com o Ângelo,  eu provei a música do Toquinho por completo. Em cada trecho me sinto mais "o caderno" do que nunca.  O caderno Sou eu que vou seguir você Do primeiro rabisco até o be-a-bá. Em todos os desenhos colo

De Barão Geraldo para o mundo ou Toda vidinha daria uma bela ópera

(Interior do Teatro Alla Scala, de Milão) Era a primeira vez que eu estava na Itália e, logo ali, abaixo daquela arquitetura maravilhosa do Duomo de Milão e da Praça do Alla Scala, eu deixei Renato e Ângelo para fazer uma visita ao Museu do Teatro. Combinamos que iríamos separados, porque não tinha como entrar com o carrinho do Angelito e eu saí meio que correndo, porque tinha que atravessar a multidão que visitava a cidade no último feriado de Páscoa e porque queria aproveitar os meus quarenta e alguns minutos, antes que o bambino sentisse muito minha falta. (Galeria, na Praça do Duomo, onde todo mundo passeio vendo belas vitrines e parando em deliciosos restaurantes) Entrei no meio de uma excursão de gringos americanos e passei à frente deles. Não queria que atrapalhassem minha visita com aquele blá blá chato do guia turístico. Segui rápido pelos retratos dos cantores e compositores e fui ao saguão principal. Parei... olhei para cima, onde estavam pendurados alguns lustres gigantes e