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Mostrando postagens de novembro, 2007

"Black is beautiful"

("Dora", Somnia Carvalho, 2004. Inspirado na faxineira costureira Dora que conheci em São Paulo. Releitura de Isabelle Tuchband - Coleção: Daniela Morassutti Zuim) " Hoje cedo, na rua Do Ouvidor Quantos brancos horríveis eu vi Eu quero um homem de cor... " Luana, aquela adorável sobrinha, fez um comentário sobre si mesma e sua cor esses dias, quando o assunto era a "branquelice" do Ângelo e do Júnior: "- Eu pioro quando tomo sol." E eu voltei a me lembrar dessa sua frase "que faz pensar" ao ouvir novamente um cd da Elis e pôr mais atenção à letra da gostosa "Black is Beautiful". A música, que já começa com grande ousadia ao chamar os brancos de "horríveis" (sobretudo se pensarmos trinta anos atrás), inverte o preconceito que a minha pequena sobrinha já sofre e no qual, ela mesma, já acredita. (Os lindos e diferentes Luana e Ângelo) Pensei ainda que as suecas provavelmente adorariam esta canção e concordariam com Elis

"Black is beautiful", Elis Regina

Aqui, vocês têm a letra de "Black is Beautiful", tema do post acima. Black is Beautiful Música de Marcos Valle e Paulo Sergio Valle Interpretação: Elis Regina "Hoje cedo, na rua Do Ouvidor Quantos brancos horríveis eu vi Eu quero um homem de cor Um deus negro do Congo ou daqui Que se integre no meu sangue europeu Black is beautiful, black is beautiful Black beauty so peaceful I wanna a black I wanna a beautiful Hoje a noite amante negro eu vou Vou enfeitar o meu corpo no seu Eu quero este homem de cor Um deus negro do congo ou daqui Que se integre no meu sangue europeu Black is beautiful, black is beautiful Black beauty so peaceful I wanna a black I wanna a beautiful"

Brobizz ou manuell?

(Renato piadista, em trem na Bélgica, 2006) Há 10 meses, quando cheguei por essas bandas de cá, uma coisa que quase enlouquecia a gente eram as placas cheias de "palavrões" suecos. Isso porque os suecos adoram palavras grandes, looongas, cheias de consoantes que dão um nó na cabeça de qualquer falante de língua latina. Algumas que tô tendo que traduzir esses dias num formulário: sjukpenningnivå föräldrapenning omfattningen skattepliktiga e por aí vai... É mais ou menos parecido com o alemão no sentido de que vai se juntando uma palavra na outra, sem espaço e aí você forma uma nova palavra. Além disso, tem umas letras que não existem na nossa língua, como por exemplo: å, ä, Å, Ä, ö, Ö. Um pouco pior é você conseguir distinguir a diferença entre um e outro, porque esses "as" podem ter som de "ô" ou "é" e o "ö" "som de um ô com boca aberta que é quase um "uuuu" com um bocão feio assim.... No dinamarquês tem ainda um "o

"Bendito seja o mesmo Sol"

("Sol levantando-se do trigo", Vincent Vang Gogh) Aqui a manhã de segunda-feira, que começou com chuvinha e 1 grau, já começa a clarear. Para celebrar o dia e o Sol que tenta aparecer por entre as nuvens, uma bela poesia e duas belas pinturas... Ótima semana para nós! Bendito seja o Mesmo Sol Fernando Pessoa (Alberto Caeiro) Bendito seja o mesmo sol de outras terras Que faz meus irmãos todos os homens Porque todos os homens, um momento no dia, o olham como eu, E, nesse puro momento Todo limpo e sensível Regressam lacrimosamente E com um suspiro que mal sentem Ao homem verdadeiro e primitivo Que via o Sol nascer e ainda o não adorava. Porque isso é natural — mais natural Que adorar o ouro e Deus E a arte e a moral ... (in: Jornal de Poesia) ("Semeador que ajusta o Sol", Vincent Vang Gogh)

Somnia Pollyanna Deslumbrette de Carvalho eleita Embaixatriz

(Os Alces, símbolo da Suécia) Pessoal, Na semana passada a Fernanda Burmeister (minha amiga Fer), de São Paulo, foi a nossa visitante 5.000. Vocês sabem que agora a gente tem leitores em vários estados brasileiros né? E que, escapando-me, o blog deixou de ser um contato com a família e com amigos próximos para se aventurar com leitores pela Suécia, Finlândia, Alemanha, Holanda, Bélgica, França, Inglaterra, Estados Unidos etc... Todos brasileiros ou falante de Português que vivem fora de sua terra natal. Pois bem, ontem recebi uns telefonemas importantes. Fredrik Reinfeldt, primeiro ministro, e novamente ela, a simpática Princesa Vitória que sempre nos apóia aqui, me pediram que eu aceitasse o cargo de Embaixatriz da Amizade entre Brasil e Suécia. Segundo eles, não há na Suécia toda quem faça melhor propaganda do povo sueco e do país que eu e meu blog contente. Quer dizer, eles sabem que o país é citado no mundo todo como tendo alto grau de desenvolvimento e tal, que é exemplo de uma so

A língua materna é como a casa da gente ou "O que é que a baiana tem?"

("Minha baianinha preferida", foto de Eric Feathers) Essa semana foi incomum. Em 10 meses em Malmö eu havia feito amizade com apenas uns quatro brasileiros. Isso porque eu sempre sou do tipo que se optou por uma experiência quer a coisa toda. Com tudo que tem direito. Por essa razão, morar fora do Brasil significa, para mim, mergulhar na cultura do outro país. Conhecer gente e lugares que me permitam sentir, ao máximo, a experiência de estar ali. E isso tem me levado a entrar em grupos de mães suecas, levar o Ângelo em atividades culturais daqui, tentar aprender a difícil língua etc. Pelo mesmo motivo eu não entendo muito quem vive tanto tempo num lugar e ao menos não tenta aprender a língua local ou procura estar o tempo todo apenas com gente de seu próprio lugar ou então vive numa procura desesperada por manter sua vida "de antes" neste outro contexto, num saudosismo que, eu acho, deixa de ser saudável. Talvez eu só pense isso por estar aqui de passagem e não defi

Do quase anonimato à fama

(Sandra (a corredora número 3.000 e 4.000) e seus mais queridos, Jim e Sophia) Vocês se lembram da minha amiga Sandra? Sim, aquela amiga de infância que me dava beliscões se eu chegasse antes dela na kombi do padeiro? Então, ela anda fazendo isso até hoje: além de correr e ter sido a visitante 3.000 do blog e receber homenagens nossas, ela conseguiu correr ainda mais e chegar novamente no momento em que o contador virava para 4.000 visitantes. Eu imagino que ela deva ter dado alguns beliscões virtuais em alguém, mas a mulher é poderosa... Bom, já que a fama internacional a trouxe de sua vida tranquila e comportada em Detroit para a fama internacional, resolvemos que a menina merece uma entrevista, para que ela possa mostrar sua "cara" e não me deixar mentir... Agora é torcer os dedos e ficar de olho na largada, porque logo devemos chegar ao visitante 5.000 e, por favor, não tenham medo dela! Deixe uma mensagem se você for o visitante 5.000 que eu prometo não deixar que você s

"Love of my life"

(Três diferentes, grandes e valiosas paixões que tenho na vida: Lu e Ju, os sobrinhos e Angelinho) Esses tempos atrás minha amada sobrinha, Luana, perguntou à minha mãe: "Vó, você tem sonhos na vida?". Ao que minha mãe respondeu: "Tenho fia, e você?". E ela: "Eu tenho três grandes sonhos: conhecer uma cachoeira de perto, ter um quarto só para mim e que minha tia Sônia volte daquela Suécia para que eu não tenha mais que falar nesse computador lento com ela". Uma das coisas mais difíceis na vida é que ao escolher um caminho a gente se desvia de outro e que toda opção obriga-nos sempre a uma renúncia. O grande desafio talvez seja escolher sempre a estrada onde cremos poder somar mais realizações e sorrisos que frustrações e lágrimas e aproveitar tal escolha embora, claro, a saudade daquilo que poderia ter ocorrido de vez em quando nos acometa. ............ Aqui vai um texto que há muitos anos eu cultivo, releio e repasso, já que um email de uma querida ex-alu

O desafio e a arte de desnudar-se

(Lucian Freud em seu ateliê, foto de David Dawson, reprodução feita de www.louisiana.dk) No domingo passado estivemos, eu, Renato e Ângelo, no Museu de Arte Moderna Louisiana, que fica próximo a Helsingorg, no lado dinamarquês. O museu e o lugar onde fica, por si só, já são, como diz minha amiga Maria com seu sotaque português, "unn issschpétáculu". Com paredes de vidro para vários lugares do jardim e com vista para o mar que divide a Dinamarca da Suécia, as instalações do museu já valeriam a pena o passeio. De dentro de seu baby byorn, colado ao corpo de seu pai, Ângelo também pareceu encantado com o passeio e com as pinturas. Tivemos a sorte de encontrar duas grandes exposições temporárias. Uma delas de maravilhosas criações do fotógrafo Richard Avedon, famoso nos anos 60 por fazer belas fotos para o mundo da moda, sobretudo para Coco Chanel, e por criar fotos extremamente expressivas de artistas da época, como a reproduzida abaixo do teatrólogo Samuel Beckett.

Fyra månade från Angelito

Hoje, dia 16, faz quatro meses que o Ângelo nasceu. Todo mundo sabe que há dezenas de razões para não se ter um bebê. Entre tantas eu diria que continuar sendo a mesma pessoa e ter a possibilidade de continuar fazendo todas as coisas muito legais que você sempre fez seria a principal delas. Mas eu percebi nessas semanas que há dezenas de outras razões para amar a nova vida que um bebê pode lhe trazer. Você pode ser obrigado a mudar, mas verá que muitas outras novas possibilidades se abrem. E se descobrirá feliz, extremamente feliz e agradecido por poder experimentar esse seu novo lado, essa nova pessoa e esse novo jeito de viver. Ouvir o barulhinho do bebê acordando no outro quarto e correr para ver seu sorriso largo e gostoso, Beijar, beijar e beijar seus pezinhos fofos e delicados enquanto troca-lhe a roupa, Acariciar sua pele suave e perder-se por algum tempo contemplando sua perfeição. Sentir seu rostinho e seu cheirinho enquanto ele tem a cabeça colada ao seu pescoço ou Brincar, r

"Gracias a la vida"

(Kerstin em sua sala, com havaianinhas penduradas ao lado de seu broche de barnmörska) "Hay hombres que luchan un día: son buenos. Hay hombres que luchan un año: son mejores... Hay hombres que luchan una vida: estos son los imprescindibles." (O autor é Bertold Brecht e o poema é bastante conhecido também em espanhol, na voz de Mercedez Sosa) Há nove meses atrás, quando cheguei em Lund aflita para começar meu pré-natal nesta terra que era uma total icógnita para mim, conheci Kerstin Nilsson. O espanhol que nos uniu inicialmente, já que a primeira barnmörska que me atendeu achou que Kerstin seria mais indicada para cuidar de uma brasileira, acabou por ser pouco "hablado" nas consultas. Foi em inglês mesmo que recebi as orientações, cuidados e conselhos. Foi em inglês que tirei minhas dúvidas, falei dos meus medos a respeito do parto, abri meu coração. Creio que sua formação, enfermeira obstetra, aliado ao fato de ser mulher e mãe, somado ainda à sua vivência de trab

Pijamas, Pijamas, Pijamas... Pijamas Quentinhos...

Eu sou adepta dos pijamas. Eu sou completamente louca por pijamas e se pudesse teria um guarda-roupa deles. (Aí vai uma boa dica de presente... pra mim!, rs...) Adoro tomar banho no início da noite e pôr um bem bonito, gostoso e, numa noite como a de hoje que deve chegar a -4, quentinho... Mas uma coisa que enlouquece qualquer mãe, tia, vó, amigos (e até os pappis) são os pijamas para bebês que encontro aqui. Eu não entendia muito do assunto até ter um bebê, então eu não costumava comprar os tais pijaminhas nas lojas de bebês do Brasil e não vejo a hora de conferir. Os que encontrei aqui são ultra confortáveis. São inteirões, fáceis de pôr no bebê e meio ao estilo daqueles que aqueles "véio de filme antigo" usavam, sacou? Cada um que encontro fico querendo comprar pro Angelito e levar um pra cada bebê de amiga aí do Brasil. Tem aos montes e pra tudo quanto é gosto. E essa coisa gostosa de que tô falando me fez lembrar um livrinho infantil lindo que eu tinha aí no Brasil. O tí

Por que os suecos são, literalmente, um povo fino?

(Belo prato preparado, fotografado e devorado "by my self", por mim mesma) POR QUE OS SUECOS SÃO "FINOS"? Os suecos são todos finos, literalmente falando, isto é, magrinhos. Quando digo todos quero dizer a graaande maioria. Os mais gordinhos são realmente exceção. Mas o resultado da "finesa" deles não tem a ver com a nossa. Nós brasileiros, sobretudo as brasileiras, estamos mais preocupados com a barriga que não podemos ganhar ou que precisamos perder até o verão quando usaremos aquele biquini branquinho maravilhoso. Quero dizer nossa loucura em comer de vez em quando bem é normalmente mais motivada pela obscessão (dos outros conosco) com o padrão magro de beleza do que pela saúde. O resultado é mais culpa e insatisfação do que a tal magreza. O segredo do sucesso aqui na Suécia é uma educação correta pra alimentação que começa em casa, logo nos primeiros meses e que depois é reforçada do jardim da infância em diante. As crianças suequinhas aprendem, desde

"A universalidade da música" ou "Uma sueca, uma brasileira e uma canção para uni-las"

(uhlll!! Uma música, e eu unida a muita gente no meu casamento, janeiro de 2002. Foto de Rafaela Azevedo) Esses dias, num raro momento, vi um trecho de um curioso programa sueco na TV. Um apresentador e um visitante (que me pareceu ser alguém famoso aqui ao que entendi) falam a respeito de música e canções prediletas do entrevistado. Naquele dia uma sueca muito simpática escolhera a canção " Bridge Over Troubled Waters", do Paul Simon e que ficou conhecida na voz dele com Garfunkel nos anos 70 e também com a interpretação monumental do Elvis. Eu entendi um pouco dos comentários que eles fizeram, mas ouvi muito bem a canção que foi tocada integralmente no programa. Em uns segundos me senti há muuuitos anos atrás, quando eu, ainda criança, ouvia essa música no Brasil. Não sei exatamente onde eu ouvia, mas me lembrei de Simon e Garfunkel. Me lembrei da sensação maravilhosa de ouvir a combinação perfeita daquelas duas vozes. Foi então que percebi que, embora eu gostasse tanto da

Caraaaamba!!! Antes que o visitante 4.000 bata à porta...

... deixa eu homenagear o visitante 3.000, como havia prometido. Eu tava pensando neste post para daqui uns dias, antes que a gente chegasse às quatro mil visitas, mas o contador acelerou demais esses dias e lá vou eu então... A visitante 3.000 foi a Sandra. A Sandra Mara ou Mala como sempre a chamei. Sandra é minha amiga de infância. Crescemos juntas lá na vila, em Sumaré. Quando crianças disputávamos quem chegaria primeiro à kombi que trazia os pães da tarde, com direito à beliscões quando a outra ganhava. Quando tínhamos uns sei lá quantos anos eu, ela, minha irma Sandra, a irmã dela, Marília e a Ana, outra vizinha, brincávamos de ser "Menudo", ou imitávamos o Michael Jackson dançando brega e gostosamente na garagem de nossas casas. Era uma festa... E vejam que nem tudo está perdido quando temos gosto ruim pra música na adolescência. rs... Muito tempo passou. Crescemos. Estudamos. Trabalhamos. Casamos. Fomos mães. Moramos fora. Sandra tem uma linda menina (com o Jim, um am

Ser mãe e ser pai é...

(Ângelo em um dos seus duzentos e cinquenta e tantos banhos tomados no Brasil em bela foto tirada pela tia Dri) Ser mãe e ser pai é... acordar mais cedo só pra poder segurar o bebê antes de ir para o trabalho e ficar embasbacados em volta do berço vendo-o acordar cheio de graça e de sorrisos. Ser mãe e ser pai é... esperar ansiosos pelo fim de semana para aprontar travessuras todos bem juntinhos. Ser mãe e ser pai é... trocar as notícias do jornal por curiosos relatórios sobre os ais e uis que o danadinho vem fazendo e discutir meia hora antes de sair sobre qual gorro será o mais adequado para aquela ocasião. Ser mãe e ser pai é... é recuperar um ternura, uma ingenuidade e uma alegria esquecidas na infância ao mesmo tempo em que se sente uma adulto responsável por outra vida. Ser mãe e ser pai é... olhar-se como cúmplices de uma bela e incrível criação e sentir-se ainda mais participante do grande mistério da vida no universo. ("Hum... com quem sera que ele se parece?" ou Car

"Aquele abraço..."

(Angelinho no modelo rapaz latino americano no Brasil) Hoje o Angelinho vai mandar um oi especial para umas pessoas quase anônimas aí no Brasil. Elas são fãs de carteirinha. Lêem constantemente o blog. Babam nas fotos do menino e rezam por ele como se fossem parentes. São pessoas queridas que a gente não tem foto pra pôr aqui, como a Vera e a Fabiana que trabalhavam com o papis no Brasil. São pessoas simples e extremamente carinhosas como a Anaildes. São vizinhas das avós como a Vera em Santo André ou a Euridice e a dona Eulina em Sumaré. Para vocês e outros de vocês um post especial e "aquele abraço"...